Os Jovens e o Jogo da Vida
Direcionamento de Vida e Como a Pirâmide de Maslow explica a insatisfação dos jovens.
Estamos na era de multi-milionários se sentindo frustrados pelo vazio ao atingirem seus objetivos e jovens frustrados pois não se tornaram o milionário. O Jogo de soma zero.
A dama. A vida. O dinheiro. O sucesso. A ansiedade. A depressão.
A Sociedade e a Formação do EU
Somos criados para acreditar que determinados caminhos de carreiras e vida são ideais, que existe certo e errado no caminho para encontrar satisfação e sucesso. Dessa forma “tradicional”, ganhamos direcionamentos de vida “prontos”, direcionamentos inquestionáveis — que foram estabelecidos pela cultura social em que nascemos e fomos criado.
Dito isto, por falta de opção, acabamos seguindo esses direcionamentos pre-fabricados com a ideologia da nossa cultura. E não estou aqui nem para falar se essa ideologia/cultura é boa ou ruim; de qualquer forma este direcionamento não é autentico — não é compatível conosco. Desta forma, inevitavelmente, em grande maioria, acabamos nos tornando infelizes. Um caminho que possivelmente traria a felicidade para as gerações passadas já não trás para nós, jovens.
Este texto é a minha interpretação do problema, e, derivado desta, darei minha sugestão de como descobrir e trilhar a jornada chamada “vida”.
Jornada esta que pode ser cheia de curiosidades, energia positiva e produtividade que faça sentido, ou pode ser de frustração e infelicidade; cabe a você decidir. Eu já escolhi.
Espero que este texto te ajude a melhor interpretar quem você é e assim entender o direcionamento da sua vida e sua realidade.
Dito, isto, neste texto vamos trilhar um caminho diferente do normal. Nós jovens não somos vítimas, não somos ingratos; somos diferentes, por motivos simples (porém não óbvios).
Tudo começa no começo.. Na formação de uma pessoa:
Ambiente
Nós nascemos com uma predisposição para ter certas características, mas isso será completamente moldado pelo ambiente em que crescemos. Vamos sendo moldados em altíssima velocidade quando somos crianças e adolescentes e depois vai diminuindo a intensidade ao atingirmos nossa vida adulta.
Sem me prolongar, vamos para um exemplo: Pense em Hitler, você acha que todos os comandantes e soldados que matavam “os diferentes” nasceram com essa vontade imensa de fazer uma raça única, pura, ou você acha que eles foram culturalmente influenciados? Na minha percepção, o momento econômico ruim, um líder convincente e uma ideologia forte que propiciou o movimento. Ou seja, ele não foi formado por pessoas que “nasceram dessa forma” e se juntaram para formar a ideologia; ele foi sendo formado pelo ambiente cultural, econômico e social. E, depois desse ponto, os envolvidos achavam que estavam lutando pela causa certa já que eles foram ensinados a acreditar no que a ideologia demandava.
Se seu ambiente for religioso, é provável que você se torne religioso. Se você nasceu em um lugar de extremidades, como um lugar que está em constante guerra por princípios religiosos, é provável que você vá adotar um caminho de extremidade no futuro; ter fobia de armas e violência, ou possivelmente se tornar um homem bomba (extrapolando muito para ilustrar) para contribuir para a causa.
Então o ambiente em que somos criados, o ambiente onde começamos a ganhar nossa personalidade e definir nossos objetivos, é o que vai acentuar e reprimir características das quais nascemos com.
Pirâmide de Maslow
Então, saindo desses casos mais extremos, hoje somos criados em uma sociedade que já superou maioria dos problemas da Pirâmide de Hierarquia de Necessidades de Maslow.
Um rápido resumo: qualquer ser humano precisa preencher as necessidades (i) Fisiológicas, para depois preencher as necessidades de (ii) Segurança, seguido de (iii) Social/Relacionamentos, para assim buscar (iv) Estima, e finalmente a (V) Realização Pessoal. As pessoas as vezes buscam alguns ao mesmo tempo e as vezes pulam um para alcançar outros mais acima.
>> Ainda mais na sociedade de hoje, onde a pessoa as vezes não tem o que comer direito mas junta dinheiro para comprar o iPhone ou a roupa importada. Ou seja, ela não preenche as necessidades Fisiológicas mas quer alcançar a Estima. Porém não vamos entrar nesses méritos, não quero entrar nesse campo de discussão/interpretação da teoria com uma visão sociológica. Há contra-argumentos sobre a teoria como um todo, porém nenhuma que invalide a opinião deste texto.
Então temos uma parte relevante da população que nasce com as necessidades fisiológicas, de segurança e social basicamente preenchidas: Tenho certeza que todos meus leitores* nasceram com um teto, água, comida na mesa (mesmo que uns com frequência mais baixa que os outros), com segurança de que sua casa não seria tomada ou seu corpo violentado por uma guerra (segurança vai bem além da segurança da cidade, que infelizmente é um problema para muitos de nós brasileiros. E, mesmo com nossos problemas de segurança estamos mil vezes melhor que um pais em guerra ou algumas gerações anteriores com a instabilidade mundial.) Ainda nascemos com relações sociais e amor, primeiro com nossos pais e familiares, e rapidamente já estamos na escola construindo relacionamentos. Até o quarto passo da Pirâmide, o Estima, é trabalhado nas escolas; dando premiação a todos, direito e incentivo a se expressar, positivismo e inclusão. Isso não era a realidade poucos anos atrás. Então até as crianças já são condicionadas a terem uma autoestima forte.
Tudo legal até agora né? O mundo parece tão bom escrevendo dessa forma.
Com isso, as pessoas nascem em um momento inédito da história: com o objetivo único de atingir apenas os pontos mais altos da pirâmide, como a realização pessoal (e complementar a estima e relacionamentos). Isso é um acontecimento e tanto.
- Eu e meu leitores. O mundo ainda tem muitas pessoas que buscam apenas as necessidades mais básicas da pirâmide de Maslow, como um teto, agua e comida. Ainda assim estamos no melhor momento da história da humanidade.
Dito isto, na nossa infância somos moldados para tentarmos ir atrás dessa realização pessoal — esta é a única caixinha que precisa ser preenchida! Porém, embasado na cultura em que nascemos, o consenso de realização é ganhar dinheiro, atingir objetivos profissionais e subir a escada corporativa. Simplesmente porque as gerações anteriores à nossa estavam buscando necessidades mais básicas do que nós, jovens, estamos buscando.
Está ficando complicado, vamos exemplificar:
Enquanto nossos pais e avós tinham como maior objetivo ter a segurança de um teto, comida na mesa e um trabalho que fornecesse isso com constância, nós já partimos do pressuposto que muitos destes quesitos são dados, são certos. Nossos avós e/ou bisavós viviam com medo de crises, como as guerras que viveram e os diversos momentos de extrema fraqueza econômica. O grande objetivo era ter estabilidade, era ter a certeza fisiológica. Eles almejavam ter a segurança, a estabilidade. Eventualmente os relacionamentos de volta. Estima e Realização pouco importam quando há bombas ameaçando a existência da sua família. Então realmente, vivendo nessa cultura de incerteza econômica e de instabilidade no direcionamento do mundo (democracia vs socialismo), tudo que alguém sonha é ter um teto, um prato de comida, a segurança dos filhos — a proximidade da certeza.
Hoje tudo muda.
A geração dos millennials foi a primeira geração a nascer sem as sequelas das guerras e instabilidade politica mundial. Mesmo que alguns de nós tenhamos pais mais jovens que não viveram as guerras ou a instabilidade politica na veia, eles foram criados por pais que foram. Isso faz toda a diferença.
Então nós, jovens, nascidos pós anos 80, somos a primeira geração que nasce livre; com possibilidade de realmente viver os sonhos. Liberdade como consequência da estabilidade mundial e economia próspera. Isso nos da a estabilidade social para ousarmos irmos além; nascemos com o objetivo de irmos atrás da realização e das conquistas, sem antes precisarmos conquistar a estabilidade fisiológica — este é “dado”. (De novo, claro que não é realidade para todos.)
Botar comida na mesa, ter um teto, ter relacionamentos, ter segurança, tudo isso ainda faz parte do jogo. Porém cada vez mais nos preocupamos menos com isso (e não estamos comparando alguém que recebe 10 mil reais com alguém que recebe um salário mínimo, estamos analisando eras mundiais). Sim, uma pessoa que recebe um salário mínimo ainda se preocupa em pagar seu teto, comprar comida, e provavelmente maioria não está atrás de realização pessoal (apesar de muitas vezes irem atrás de estima). Então todos estão vivendo uma era diferente.
Isso resulta em jovens que vivem pela carreira, pela realização profissional. Óbvio; este é o caminho que a sociedade ensina que devemos trilhar para encontrarmos a realização pessoal e a felicidade. Mas estes são baseados nas jornadas tradicionais de trabalho.
Nós estamos vivendo outra era mundial mas não mudamos as crenças de trabalho.
Então os jovens trabalham incansavelmente atrás de objetivos concretos, subindo, sem fôlego, a escada corporativa. Sobem para no final encontrem a insatisfação — pois o objetivo conquistado, como o dinheiro, de nada vai servir [na jornada atrás da satisfação] após preencher os vácuos das necessidades fisiológicas (que são muito mais fáceis de serem preenchidas hoje). O dinheiro, a conquista de objetivos concretos, as metas corporativas, não vão trazer o topo da pirâmide - Realização.
Então nos dedicamos a vida seguindo padrões antiquados que no final não irão preencher nossas necessidades mais “modernas”, de atingir a realização pessoal. Nem mesmo nossos pais conseguem entender isso direito; nossa necessidade de conectar via redes sociais, nossa necessidade de atingir o sucesso, de preencher o estima, nossas incertezas, nossa ansiedade, nossa frustração.
Nossos defeitos…? Não! Nosso erro de interpretação, nossa passividade e a consequente falta de capacidade para desenhar e entender nossos próprios direcionamentos!
Estamos seguindo o script do filme dos outros, mas não paramos para entender que o cinema mudou.
A tecnologia chegou. A estabilidade chegou.
Com essa passividade e falta de entendimento do que está acontecendo, acaba que ninguém fala deste assunto com propriedade e oferece um caminho real para satisfação; os adultos que são quem nos orientam não tem menor ideia do que estamos falando, do que estamos sentindo. Trabalho com propósito, busca pela realização, ao ver deles, é uma bobeira. Na era deles e dos pais deles, realmente era um luxo que pouquíssimos viam a necessidade de atender — eles estavam preocupados com a segurança do trabalho para prover, independente da realização que esse trabalho gerasse.
Nós não. Nós começamos a vida profissional atrás da realização, atrás da busca por estima. Por isso nos sacrificamos para atingir os objetivos concretos, para atingir grana, para compartilhar nossos méritos na internet, para mostrar quem somos, mostrar o quão bom somos — estamos atrás da estima! Então enquanto um adolescente se mostra nas mídias para [perdidamente tentar] conquistar a autoestima, um jovem adulto se sacrifica para alcançar status, dinheiro, realizações profissionais, para preencher o mesmo vazio e a realização pessoal.
Nossos avós estavam preenchendo as necessidades básicas de Maslow para depois preencher o topo, nós nascemos tendo que preencher o topo.
Porém, para preencher o topo precisamos de experiência de vida, precisamos saber quem somos, precisamos gerar valor para o mundo, precisamos ser respeitados pelos outros, precisamos ter boas relações. Precisamos de uma bagagem e entendimento imenso da vida e de nós mesmos que não temos no começo de nossas vidas adultas. Essa é a crise que vivemos.
Então, por falta de sabedoria, ensinamento e direcionamento compatível com o hoje, seguimos o caminho tradicional. Caminho que não irá preencher nossas necessidades. E, a partir desse ponto temos duas possibilidades:
1.
Conquistamos os objetivos tradicionais e isso não nos trás realização pessoal. Isso faz com que surja, em massa, pela primeira vez na história, os milionários deprimidos. As pessoas que se tornam vitimas do sucesso. Ela alcança os objetivos que sempre sonhou e não conquista a felicidade. E, se ela não percebe que seus objetivos são ilusórios, ela continua eternamente atrás das conquistas concretas achando que é o próximo objetivo que vai lhe trazer satisfação. Até morrer achando que era o caixão que ia trazer felicidade.
Além disso tudo, esse sentimento de atingir o objetivo e não atingir a realização/satisfação trás uma tsunami de vazio; a desilusão com o mundo. A depressão pela crença de que a felicidade não existe, que a vida não tem propósito. Porém ela existe, existe um chamado imenso pra todas as pessoas. Chegamos lá daqui a pouco.
2.
A segunda possibilidade é fracassarmos na conquista dos objetivos tradicionais. Não alcançarmos o sucesso profissional. Isso faz com que a pessoa se sinta fracassada pois não conseguiu atingir aquele ponto de sucesso que, magicamente, na percepção própria, lhe traria felicidade. Então ela deixa a felicidade refém desse sucesso que ela não atingiu e vai levando a vida em frustração. E, se ela eventualmente conquistar o sucesso profissional, ela é apenas mais uma pessoa no grupo 1; agora desiludida com as conquistas e a vida.
Então começamos a nossa vida atrás de cenouras que não vamos alcançar, ou cenouras que vamos alcançar mas que não vão nos preencher. De qualquer forma é um jogo de soma zero.
Vitimização
Acaba que temos uma onda de pessoas se vitimizando por cair em um desses dois grupos. infelizmente elas estão jogando um jogo com a regra dos outros. Se você não gosta de dama, provavelmente você não vai ganhar a partida de dama. Se você não gosta de jogar dama, você nunca vai se sentir realizado ganhando uma partida de dama. Então porque as pessoas acham que vão se sentir realizadas atingindo um objetivo que é fabricado por outras pessoas?
Não é a sociedade que é injusta, não é você que não tem oportunidades, não é você que nasceu no momento econômico errado, não é você que não se esforça o suficiente. O problema não é você. A vitima também não é você.
O problema é o jogo que você está jogando. E você tem duas posturas que você pode adotar;
- Você pode reclamar que dama, o jogo que todo mundo joga, não é um jogo legal — que as cores deveriam ser azul e verde ao invés de preto e branco (“vamos ser patriotas”). Você também pode se vitimizar falando que seu adversário tem mais peças ou está jogando com as peças pretas que dão mais sorte.
- Você pode ser forte e falar que você não vai jogar dama. Que você vai jogar xadrez — que esse jogo que realmente importa pra você. Ou então, no melhor dos casos [na jornada da vida], você vai até criar um jogo novo e criar suas próprias regras..
A vida é sua não é?
Quem escolhe o jogo que você joga é você, não deixem te fazerem acreditar diferente.
Imagina se todos tivessem falado que Pelé tinha que ter sido nadador? Ele seria um fracassado. Ele escolheu o jogo dele. Você pode escolher o seu jogo na vida.
Mais abaixo; vou ajudar você a escolhe o seu jogo.
Dito isto, a única maneira de atingir a realização no século 21 é…
Realização
O que descobri com minha jornada e reflexões (mais abaixo), é que existe sim uma maneira para alcançar a realização pessoal. E este foi o meu trabalho dos últimos anos. Um trabalho inacabado (e será sempre assim pois sempre temos espaço para melhorar), porém um trabalho que mudou minha vida. Espero que ajude a mudar a sua.
Essa é a ordem de como fazer, ao meu ver, de forma bem simplificada (posso evoluir em outro post):
Em primeiro lugar precisamos desconstruir as crenças que absorvemos da sociedade. Temos que passar por um trabalho de realmente entendermos quem somos e o que queremos da vida. Esse trabalho é difícil, e só você pode fazer ele sozinho. Por causa dessa dificuldade e necessidade de se questionar, maioria das pessoas preferem continuar jogando “a dama”; eles não querem passar pelo processo de entender qual jogo que seria mais condizente com suas realidades. Ele nem sabe qual é sua própria realidade, então, se baseando por pre-concepções, ele vai jogar a dama. Dama = busca pelo trabalho tradicional com recompensas tradicionais.
Para entender quem você é temos que tentar analisar, profundamente, a sociedade que nascemos, o que fomos criados a acreditar, ouvir outras pessoas com opiniões bem distintas e seus posicionamentos, temos que extrair o que levamos como verdade única sem nos questionar, refletir sobre o que nos forçamos a acreditar sem ter percepções diferentes… Este é um trabalho difícil, é basicamente um trabalho de um psicólogo. Mas você pode ser seu próprio psicólogo para tentar fazer este exercício.
Também não é um exercício onde você vai sentar por 3 horas e ter essa resposta. O meu processo por exemplo levou meses de muitas perguntas, muita leitura, muita conversa, muitas anotações, uma profundidade extrema psicológica, e várias mudanças de perspectivas sobre quem eu era. Pense com calma na pessoa que você é, o que realmente te energiza, o que te faz feliz, o que te motiva, o que você tem vontade de fazer, quais amigos que realmente geram valor, porque, quem você gostaria de ser que você pode ser amanha…?
Prepare o ambiente e o foco. Uma viagem sozinho, até um programa longo pela cidade sozinho, pode ser ideal para complementar o trabalho. Assim, de pouco em pouco, ia (e ainda vou) descobrindo um pouco mais de mim (isso é muito doido, pensar que não me conhecia).
Depois de questionar e jogar grande parte dos nossos valores antigos fora, vamos nos sentir desolados e até um pouco sem chão. Este é o triste momento onde você pensa que nem tudo o que sua mãe te ensinou pode ser verdade, nem tudo que você acredita é real, nem tudo que socialmente é desejável, invejável e aceitável é bom. E, fazendo isso bem feito, você não vai mais saber seus objetivos, sua motivação, quem você gosta ou não, o que você quer fazer e não quer fazer; você não vai ter ideia de quem você é! E é exatamente este o ponto [assustador] onde queremos chegar. O ponto onde sua vida é uma página em branco e o futuro, a jornada da sua vida, é só sua. De mais ninguém. Só você pode escrever a próxima linha do direcionamento da sua vida.
Este é o momento que temos para começar a pensar no jogo que vamos querer jogar.
Toda esta análise é aplicável por todos e independe do trabalho e as obrigações que você tem hoje. Quanto mais “viciado” você estiver no funcionamento do mundo tradicional, maior a dificuldade para realmente se desconstruir.
Agora vamos separar o texto em duas partes. A primeira ajuda pessoas que ainda não sabem exatamente o que querem fazer pelos próximos anos — seja um jovem que está escolhendo uma carreira ou alguém que já está em uma carreira mas está insatisfeito e frustrado, querendo uma mudança de vida. E mesmo que você esteja preenchido e contente com seu trabalho, a análise a seguir pode agregar na sua estruturação de vida. A partir deste ponto, falaremos para pessoas que estão relativamente satisfeitas no trabalho mas querem um pouco mais de realização no presente:
Mapa e o Chamado
Vamos começar a entender onde queremos ir. Para fazer isto, sugiro que selecione uma única categoria de “chamado” que engloba simultaneamente, (i) o que você gosta de fazer, (ii) o que você tem potencial de fazer melhor que as outras pessoas e (iii) o que as pessoas estarão possivelmente dispostas a te pagar pelo valor gerado.
Neste ponto, muitas pessoas falam que não sabem ainda o que gostam de fazer. Se este for o caso, tente se aprofundar um pouco mais em quem você é. Depois disso, se ainda não souber, pense que você pode escolher uma interseção de diversos setores para escolher seu ponto de foco. Por exemplo, você pode gostar de design de interiores e de moda, e com isso você decide se especializar na moda dentro de design de interiores.
No meu caso por exemplo, eu me aprofundei em investimento de startups, no mundo de tecnologia, no mundo de esportes e lifestyle, em influencia digital e na análise comportamental dos jovens. A primeira vista estes assuntos não tem nenhuma relação, mas como eu mando na minha vida, eu escolhi a interseção de todos esses mercados para construir meu diferencial. Eu nunca vou ser a pessoa que mais sei sobre startups, mas eu posso ser o melhor especialista de direcionamento para jovens na era da tecnologia (interseção de todos os mercados acima. Tudo que fiz na vida agregou para montar meu diferencial hoje). Então, na prática, eu posso vender consultoria para empresas {de como se posicionar e comunicar frente aos jovens e como gerar valor para a força de trabalho mais jovem}, e na outra ponta eu posso distribuir conteúdo para os jovens, gerando valor em massa.
Voltando para as minhas perguntas:
Eu gosto de fazer isso? Pra caramba! Eu consigo sempre estudar e testar assuntos novos, consigo gerar valor na minha própria vida e ainda consigo gerar valor na vida de terceiros. Nesse formato de trabalho sou feliz hoje, eu gero meu valor hoje. Eu não dependo do amanhã.
Tenho potencial de fazer melhor que as outras pessoas? Se escolhesse apenas um mercado único desses provavelmente eu nunca seria o melhor, eu ficaria na média. A minha única possibilidade de destaque seria trabalhar mais que os outros. Porém eu escolhi um mercado, um nicho, que pode atender diversos tipo de clientes mas eu sou o único especialista. Se alguém quiser competir comigo exatamente nesse nicho, ele precisa ter experiências similares as minhas, e mesmo assim sobra espaço.
As pessoas estão dispostas a pagar por isto? As empresas estão ficando perdidas em como agradar, comunicar, reter e até contratar jovens na transformação da tecnologia, então sim, elas precisam de ajuda tanto no posicionamento tecnológico como no posicionamento para os jovens. Os jovens, na outra ponta, querem consumir o conteúdo derivado do meu aprofundamento e expertise que pode gerar valor/insight para eles. Dessa forma, mesmo que não me paguem nada, com volume consigo monetizar.
Entendeu o que eu fiz? Eu escolhi meu chamado, eu escolhi minha interseção, eu escolhi minha especialidade. Ninguém nunca me falou que eu poderia escolher algo assim, mas a vida é minha e eu falei que eu posso. E ninguém entende mais da minha vida do que eu. Por isso que as vezes o trabalho de coaching e livro de auto-ajuda podem não funcionar; cada um tem a sua verdade que precisa ser descoberta e trabalhada. Estas fontes podem gerar insight, mas cada pessoa tem que aplicar isso de forma diferente na sua vida. Não existe solução ou sugestão no mundo que possa agregar para uma pessoa se ela não sabe quem é e como aplicar o novo conhecimento.
Voltando —
Se ainda não encontrar essa interseção, sugiro que explore mais possibilidades (através de livros, vídeos, conversas, trabalho novo, e por ai em diante). Eventualmente você vai saber seu “chamado”. Não tenha pressa. Explore as possibilidades. Quanto mais pressa você tiver para entender isso, menos possibilidades de direcionamento você irá explorar e assim menor a chance de você ter escolhido realmente o que ama para se aprofundar.
Para exemplificar, vamos supor que você passe 5 anos explorando possibilidades do mundo, sem se especializar em nenhum assunto especifico. Nessa experiência você encontrou 8 possibilidades diferentes e decidiu que a que você mais gostou foi X. Então você escolhe se especializar e viver de X. Diferente do recém formado que não explorou o mundo, só testou Y e se especializou em Y. Matematicamente o que explorou o mundo tem mais chances de escolher algo que gera mais valor, que ele goste mais e que ele vá fazer com resiliência no longo prazo. Então teoricamente ele tem mais chances de ser bem sucedido e feliz.
Saindo da matemática -
Quando você sabe quem você é, o que você gosta de fazer, onde você quer chegar, você pode começar a definir o jogo que vai jogar. Pode definir as regras que vai seguir, o direcionamento que precisa trilhar e os objetivos que vai conquistar.
Depois de saber exatamente as regras e o caminho, começamos a explorar as técnicas para aumentar a produtividade e bem-estar no dia a dia. A exercitar a satisfação através destes hábitos condizentes com você. Tudo com o objetivo de aumentar os resultados, diminuir a ansiedade e melhorar o senso de realização.
Eu aprofundo neste assunto em outros textos; a única maneira de se sentir realizado e feliz no curto e longo prazo é organizando sua rotina para que ela seja simultaneamente mais condizente com as suas verdades, sempre em evolução e com satisfação no hoje. Pense bem nos seus hábitos, no seu mindset.
No final você vai ser o campeão do campeonato de dama sem querer, jogando o campeonato do jogo que você escolheu (de contínua evolução e satisfação no hoje). A grana e o reconhecimento se torna uma consequência, um ponto para confirmar que você está indo na direção certa — ele ainda não te preenche, ele te liberta para fazer mais do que você gosta e gera valor.
E assim é a vida.
Para ter essa mudança de vida, para atingir a felicidade no presente, a pessoa não precisa mudar seu trabalho, se mudar, ir morar em uma cabana. De jeito nenhum!
A base da felicidade se encontra na organização do seu espaço interno. Primeiro se questionando, depois entendendo quem você é, depois entendendo quem você pode/deve ser hoje. Independente do trabalho e as obrigações.
Aí sim vamos do espaço interno para o espaço externo; adaptando sua rotina, seus hábitos, seu ambiente, para melhor satisfazerem as necessidades da sua personalidade. O trabalho de realização pessoal está muito mais no interno do que no externo, está mais na organização do dia do que na organização do direcionamento da vida.
Leia este texto, onde falo do meu “Super Poder”;
Eu vivo uma vida aparentemente normal, mas eu tenho um super poder; eu estou presente. Assim eu sou mais produtivo. Eu gero mais valor. Eu aproveito os momentos. Eu mando no meu dia. Eu escolho meus problemas. Eu aplico meu tempo mais eficientemente que aplico meu dinheiro. Eu não cedo. Eu evoluo mais rápido.
Leia mais: https://medium.com/@rafahansen/meu-super-poder-e-a-frustra%C3%A7%C3%A3o-do-sucesso-f8894f8d610f
Então o meu posicionamento pode agregar para qualquer um. Uma pessoa que trabalhe em um dos trabalhos mais estressantes e desgastante que existe pode se tornar mais feliz e mais presente no hoje — basta se entender e se organizar internamente.
Quem sou eu e quem sou eu para falar isso.
Agora entra minha história. Essa é a minha realidade: eu fiz parte do grupo 1 e do grupo 2. Eu comecei fazendo parte do grupo 2; queria muito atingir o ponto de liberdade financeira e impacto no mundo e, com a velocidade que precisava daquilo para ser feliz, levei um tombo grande. Perdi dinheiro, perdi confiança, perdi motivação mas não desisti. Tinha convicção que eventualmente chegaria lá.
Mudei um pouco de vida, fiz faculdade, fiz programa de esportes radicais na televisão, virei influenciador digital e fotógrafo. Isso me trouxe satisfação por um tempo mas ainda estava atrás das conquistas corporativas. Então depois de alguns anos foi isso que voltei com tudo para fazer meu nome no mundo profissional.
Resumindo a história, consegui me inserir no mundo de tecnologia e investimentos e, depois de muito trabalho e maximização de produtividade, consegui me destacar, entrando no grupo 1. Tinha o reconhecimento dos outros, tinha a agenda cheia, tinha grana no bolso, tinha as realizações profissionais, tinha a liberdade para viajar, tinha isso tudo, mas estava frustrado por dentro. Era o típico jovem com sucesso externo, mas por dentro não significava nada. Estava infeliz.
Foi aí que sentei para tentar entender o que estava acontecendo comigo. E assim aos poucos fui evoluindo nesse pensamento a respeito da pirâmide de Maslow e como ela nos ajuda a entender o movimento do mundo e a insatisfação dos jovens.
Por ter sido parte dos “dois grupos”, por ser um jovem e por ter passado pelos momentos de dificuldade, resolvi que eu não iria esperar alguém me dizer o que deveria fazer. Não ia esperar alguém escrever o livro para meus problemas. Isso não ia existir — pois as pessoas que já tiveram sucesso, já fracassaram, e estão preocupadas em escrever um livro para ajudar os outros não estão na nossa faixa de idade. E, sendo assim, eles não entendem profundamente os nossos problemas e motivações. Temos apenas especulações de acadêmicos. Portanto meu grande é mérito é ter tido a “frustração do sucesso” cedo — com consciência da necessidade e tempo para me reorganizar para a resto da vida.
Para resolver esse problema eu mergulhei em diversas áreas de aprendizado sobre desenvolvimento pessoal, desde produtividade a busca por propósito. Eu testei tudo comigo. Eu errei pra caramba; eu me deprimi, eu acertei; tive momentos de euforia, e depois de repetir isso tudo varias vezes, eu finalmente tive mais clareza; eu me tornei uma pessoa melhor implementando pequenos aprendizados, de pouco em pouco, durante 3 anos.
Com esse estudo gratificante eu consegui consolidar tudo em um framework que pudesse me ajudar em outro momento de baixa e ajudar todos os jovens de hoje. (Assine a newsletter para continuar nessa jornada pela evolução comigo: envie um email com “news” para me@rafahansen.com)